domingo, 19 de abril de 2020

Ilha Martillo: refúgio dos pinguins no fim do mundo

Partindo da Estância Harberton em um barco pequeno, em poucos minutos de navegação avistamos a Ilha Martillo e dezenas - pra não dizer centenas - de pequenas criaturinhas elegantes com seus fraques e seu porte imponente: os pinguins de Magalhães e os Papuas.
Quando me perguntam o que me levou ao Deserto do Atacama, sempre respondo que foi a possibilidade de vislumbrar um dos céus mais lindos do mundo. Se me fizerem a mesma pergunta em relação à Ushuaia, responderei, sem nenhuma sombra de dúvidas, que foram os pinguins e a possibilidade  de estar tão próximas a eles em seu habitat natural que me levaram até o fim do mundo, literalmente.
Em se tratando de passeios, há duas possibilidades: a navegação onde não há o desembarque, apenas avistamos os pinguins desde a embarcação e a caminata, cujo barco atraca na ilha, descemos e permanecemos por cerca de 1 hora convivendo muito próximos a eles.
Optamos pela segunda opção, óbvio, ainda que bem mais cara. Mas ir até o fim do mundo e não descer na ilha, não me parecia uma opção muito lógica.
Os primeiros pinguins chegaram à ilha por volta da década de 70 e lá se instalaram. Importante ressaltar que só há uma empresa autorizada a atracar em Martillo e a quantidade de turistas é rigorosamente controlada, para que não haja um desequilíbrio no ambiente, afetando assim as espécies. Por isso, é importante reservar o passeio com bastante antecedência, para não correr o risco de perder essa experiência incrível.
Em Martillo o tempo parece ter parado. Cercados de água por todos os lados e por ventos absolutamente cortantes, o silêncio reina absoluto, quebrado hora ou outra pelo ruído de alguma ave ou da movimentação dos pinguins. Parece que estamos em outro mundo. Mansinhos, os pinguins desfilam lindamente diante de nossos olhos e infestam o chão com minúsculas penugens derivadas das trocas de penas. Alguns momentos se tornam raros na memória e para mim, normalmente, eles estão associados com silêncio profundo e de contemplação, onde a única coisa possível é se sentir grato por estar vivendo algo tão intenso e lindo. Martillo é assim. Selvagem. Inóspita. Contemplativa. Intensa.
Na ilha vivem colônias de pinguins de Magalhães, que nem mesmo no inverno migram, pois se adaptaram ao clima e fazem da ilha sua morada permanente. Já os da espécie papua migram nos meses de inverno para regiões onde a água é mais quente e as temperaturas um pouco menos rigorosas. Nós ainda tivemos a sorte de ver um pinguim imperador, que desfilou diante de nossos olhos como se nos desse as boas-vindas àquele lugar sensacional.
Esse, sem dúvida, é o passeio número 1 da lista, que você, viajante do fim do mundo,
P R E C I S A fazer!
Pinguim imperador
E para fazê-lo, você pode adquirir os tickets para o passeio diretamente com a Piratour ou então por meio de uma agência (em torno de R$ 800,00 reais, dependendo da cotação do peso no dia). Nós compramos todos os passeios com a Pinguinos Expediciones e eles fornecem um voucher que devemos levar ao quiosque da Piratour no Porto, para embarque para o passeio à Ilha. Você também pode chegar à estância Harberton via terrestre e partir de embarcação para a ilha.
Outro detalhe importante: para curtir os pinguins agasalhe-se mesmo no verão. O vento na ilha é constante e faz com que percamos temperatura corporal rapidamente!
E se eu pudesse resumir o passeio em um verbo seria: contemple. Poucas experiências te proporcionarão tamanha conexão com a natureza como Martillo.