quarta-feira, 25 de março de 2020

Ushuaia: a terra dos carimbos especiais de passaporte

Como bom turista, você também deve adorar aquele momento em que a imigração carimba seu passaporte, não é mesmo?
Legalmente, registram em nosso documento a data em que entramos e saímos do país, mas claro, os carimbos vão muito além disso... são como um prêmio por termos finalmente chegado em algum lugar que sonhávamos conhecer.
Algumas cidades mundo afora oferecem ao turista além do tradicional carimbo da imigração, emissões especiais para estampar o passaporte.
É o caso de Ushuaia - localizada na Argentina, considerada a cidade mais austral do mundo e que é um paraíso para os caçadores de carimbos.
Somente em Ushuaia é possível conquistar 6 carimbos especiais, confira abaixo:

Carimbo 1
1) No Centro de Informações Turísticas localizado em frente ao porto é possível conseguir gratuitamente um carimbo que traz na inscrição que Ushuaia é a "Porta de Entrada para a Antártida". Isso porque muitas excursões, cruzeiros, utilizam Ushuaia como base rumo a Antártida.

Carimbo 2
2) O segundo lugar no qual localizamos um carimbo especial foi no Museu Marítimo e do Presídio do Fim do Mundo. O carimbo pode ser conquistado gratuitamente no piso superior, na loja de souvenirs ao final do corredor principal do presídio e traz em sua estampa um presidiário, o ano de início e de fechamento da colônia penal e a inscrição "Carcel del fin del mundo".

Carimbo 3
3) O terceiro carimbo é encontrado em um local mais convencional, na agência central dos Correios em Ushuaia, que fica localizada na Avenida San Martín. É só entrar e perguntar em um dos guichês de atendimento que eles já carimbam, sem nenhum custo. A estampa traz a informação "Ushuaia la ciudad mas austral del mundo". O legal é que você ainda pode aproveitar o wi-fi gratuito dos Correios.

Carimbo 4
4) O quarto carimbo deu um pouquinho mais de trabalho para localizar pois as pesquisas que fazíamos no Google não traziam mais informações sobre locais, apenas os acima já citados. Mas, com muita perseverança. achamos um comentário no Trip Advisor citando o Museu do Fim do Mundo que fica na Avenida Maipu. A entrada para o museu custa 400 pesos, mas com muita simpatia é possível conseguir o carimbo gratuitamente no museu, em um guichê no qual as entradas são vendidas. A estampa retrata o Farol Año Nuevo, localizado na Ilha Observatório e que é Monumento Histórico Nacional desde 1999.

Carimbo 5
5) O quinto carimbo é um achado, pois sequer sabíamos que ele existia  - não localizamos nenhum comentário a respeito. No caminho para o Lago Fagnano, a excursão fez uma parada em um local chamado MotoCafe 3005 na Rota 3. Lá, o simpático senhorzinho conta a história daquele café que na verdade é um museu de motocicletas e eis que num determinado momento de sua fala ele menciona um carimbo. Esperamos ele finalizar a apresentação e fomos perguntar do carimbo.
Para nossa surpresa, um dos mais inusitados encontrava-se naquele lugar: metade de um carimbo na verdade. A outra metade encontra-se na outra ponta da Rota Panamericana, no Alasca. Sensacional, não é mesmo?
Obviamente que meu irmão e eu pegamos essa metade e já estamos de olho na outra parte rsrsrs.

Carimbo 6
6) E para finalizar, o carimbo mais cobiçado: o do carteiro do fim do mundo. Carlos Delorenzo, assim intitulado, está a frente do Correio do Fim do Mundo há mais de 20 anos, o qual, por sinal, ajudou a fundar. Anarquista assumido e com um bigode exótico, ele estampa os passaportes com um carimbo especial e um selo que o representa - reserve para isso uma página inteira do seu documento. Esse ritual tem um custo simbólico de 3 dólares ou 200 pesos e a vista que se tem da baía, é simplesmente linda. Quando sentamos no cascalho e olhamos as águas e o bosque, é fácil entender o que faz uma pessoa largar tudo na capital do país e se mudar para lá, tamanha é a paz daquele lugar.
Confesso que os Correios do Fim do Mundo foi um dos principais motivadores dessa viagem. Como funcionária dos Correios que sou, tenho curiosidade pelo serviço postal mundo afora e procuro sempre visitar agências ou conversar com carteiros nos lugares que visito.
Com Delorenzo não foi diferente. Contei a ele que também trabalhava nos Correios no Brasil e ele foi muito simpático. Confesso ter ficado muito emocionada.
Já me peguei olhando esse carimbo várias vezes e a sensação é sempre a mesma: que momento feliz eu vivi naquele dia. Acho que esse é o intuito: capturar nas páginas do nosso documento, os momentos de felicidade que essas experiências nos trazem.

Para conhecer alguns dos carimbos cobiçados pelos viajantes, dá um clique nesse link! Confesso que já estou fazendo uma listinha rsrsrs

Para finalizar, cabe uma observação importante.
Embora haja diversos países que possuem essa prática dos carimbos especiais, não podemos nos esquecer que o passaporte é um documento oficial e muito importante para o viajante e há sim relatos de países que não permitem a entrada do turista com carimbos não oficiais. Sempre pesquise antes os destinos que você pretende visitar para não ser barrado na Imigração.








sábado, 21 de março de 2020

Trekking Laguna Esmeralda: caminho para o paraíso

Sabe aquelas fotos de Instagram que a gente vê e logo pensa que a imagem só pode estar com um filtro de tão perfeita que são as cores?

Assim é a Laguna Esmeralda, que como o próprio nome diz, tem suas águas de um tom verde esmeralda de deixar qualquer um boquiaberto e não é só pelo internet não.

Mas vamos ao trekking, porque chegar a este paraíso, requer algum esforço. E equilíbrio rsrsrs.
O trekking Laguna Esmeralda é considerado de nível médio, ou seja, se você é um iniciante e nunca fez uma trilha na vida, vai conseguir concluí-la - não sem algum sofrimento mas vai.

São aproximadamente 5 quilômetros de ida e 5 de volta e o terreno não apresenta muita inclinação - com exceção de um trecho com uma percorrida bem íngreme de 200 metros.

A trilha passa por um silencioso bosque de lengas, espaços abertos e turfeiras - que parece um pântano composto por um vegetal que se assemelha a uma esponja. E é nesse mix de paisagens que a coisa pega para o lado do caminhante.

Em meio ao bosque de lengas, o chão é úmido e extremamente escorregadio. Adicione a isso vários trechos de lamaçal e raízes aéreas das árvores, uma combinação quase que certeira para um tropeço, escorregão ou atolamento. A gente tem que prestar tanta atenção ao chão que o pescoço até dói de tanto olhar para baixo.

Os trechos mais tranquilos foram a céu aberto, margeando o rio Esmeralda. Além da paisagem linda, a incidência de luz solar torna o terreno seco e estável.

Mas ainda nem falamos das turfeiras! Sim, as turfeiras combinam verdadeiras trincheiras de lama com um terreno instável que verte água a cada pisada.

Vencidos os 5 escorregadios quilômetros, atrás de um elevado, no sopé de uma montanha, surge linda e deslumbrante a Laguna Esmeralda.

De um verde de tirar o fôlego, a única coisa que conseguimos pensar é: ficaria o dia inteiro aqui contemplando essa maravilha.

Mas, não se engane! Tão logo o corpo esfria da caminhada, o vento gelado começa a se fazer sentir e a temperatura corporal começa a cair rapidamente.

Outra coisa que torna impossível um agradável momento de contemplação são os pernilongos!

Meu Deus do céu! Quem vê beleza não sabe o tanto de muriçoca que tem voando naquele lugar rsrsrs.

Nosso guia   - contratamos o passeio pela Pinguinos Expediciones -  nos concedeu aproximadamente 1 hora e meia de permanência na laguna, para então iniciarmos o mesmo escorregadio caminho de volta.

O trekking não é recomendado para crianças abaixo de 10 anos e nem pessoas acima dos 60 - a chance de queda é muito elevada. E também não se recomenda iniciar o percurso após às 15 horas sob risco de escurecer e não ser possível retornar.

As agências de turismos recomendam o uso de calçados impermeáveis e é possível alugar botas por aproximadamente 500 pesos no centro de Ushuaia. Optei por fazer com minha bota de trilha que não é impermeável e foi bem tranquilo, apenas exigiu mais cuidado para que eu não atolasse.

Não é possível acessar a laguna a não ser pela trilha e embora alguns turistas estivessem sem o acompanhamento de guia, não recomendo, pois o caminho não é bem demarcado como é o caso do Glaciar Martial - nosso próximo texto.





sábado, 7 de março de 2020

Bem-vindos ao fim do mundo...literalmente!

A ideia de visitar uma cidade que leva o apelido de fim do mundo me atraía há bastante tempo e esse ano não é que deu certo a viagem?
Ushuaia é uma simpática cidadezinha argentina que fica na província da Terra do Fogo e disputa o título de cidade mais austral do mundo com Puerto Williams no Chile.
O caso é que para os parâmetros argentinos, Puerto Williams não é considerado cidade, porque não conta com toda infraestrutura necessária, como polícia, bombeiros, etc. Já Ushuaia, não há dúvidas, é sim uma cidade e diga-se de passagem, em plena expansão.
Por toda cidade vemos obras e muitos, muitos turistas mesmo, de todas as partes do mundo.
O porto em Ushuaia é o segundo mais movimentado da Argentina e daqui partem cruzeiros para a Antártida, para outras partes da Argentina e do Chile.
A cidade é uma zona franca livre de impostos tipo Manaus, o que atrai muitos trabalhadores para cá, além de possuir vários dutys free.
Mas, o que o viajante precisa saber é que há duas Ushuaias completamente diferentes: a do verão e a do inverno.
Chegamos aqui no final de fevereiro e ficamos até 06 de março, ou seja, final do verão no hemisfério sul.
Nessa época do ano há muitos passeios envolvendo trilhas, chove bastante e o clima é bem agradável (variou entre 3 e 15 graus nos dias em que estivemos aqui).
Nesses 9 dias fizemos os trekkings da Laguna Esmeralda e do Glaciar Martial; a visita ao famoso museu do presídio do fim do mundo; o passeio ao Parque Nacional da Terra do Fogo que inclui o trem do fim do mundo, o Correio do fim do mundo e a baía Lapataia que é final da Rota Nacional 3. Também fizemos a navegação no canal Beagle com a caminhada com os pingüins na Ilha Martillo e apreciamos a vista maravilhosa do Lago Fagnano. 
E lembra que eu falei sobre haver duas Ushuaias? Pois é...eu ainda quero conhecê-la no inverno ❤
Mas, enquanto isso não acontece, vem comigo para conhecer cada um dos passeios que fizemos!