sábado, 10 de outubro de 2020

O cicloturismo como uma alternativa na pandemia

 Quem me conhece bem sabe que amo viajar (quem não??? rsrs) e a pandemia do novo corona vírus afetou não apenas os nossos deslocamentos, mas algo que me impactou muito, particularmente: a capacidade de sonhar.

Por que digo isso?

Como o próprio nome desse blog diz, viajar de vez em quando é uma realidade para mim. Sou trabalhadora de carteira assinada (ainda que me aventure no empreendedorismo), bato cartão e como todo bom trabalhador, só faço uma viagem grande (10 dias) por ano e outras pequenas quando os feriados são prolongados e assim o permitem.

Mas a falta de tempo ou de dinheiro não nos impede de sonhar. A gente planeja, parcela um voo aqui, um hotel lá e vamos levando. Por mais dificuldades que encontrássemos, havia aquela certeza: no feriado do dia tal, vou para tal lugar.

Com o corona vírus isso entrou em suspenso. Não havia mais essa certeza. Não havia mais o quando. Não havia mais o plano.

Bem no comecinho de junho (antes de eu ser contaminada...sim, eu fui contaminada ainda que saísse da minha casa só par trabalhar, mas isso é história para um outro post) cheguei a fazer uma live com um grande amigo do Chile que trabalha com turismo, sobre as perspectivas de retomada. Mal sabíamos que a situação continuaria se estendendo por meses ainda e, diga-se de passagem,  San Pedro de Atacama não retomou as atividades turísticas até agora, nem mesmo flexibilizações.

Em meados de julho, passando aleatoriamente pelas postagens do Instagram vi um post do Daniel Rosalin Turismo de Jaú - minha cidade natal - sobre uma tal uma viagem para cicloturismo, que aconteceria em agosto e que se apresentava como uma alternativa diferenciada.

Confesso que não pensei duas vezes e mandei uma mensagem, dizendo que queria saber mais sobre. Afinal, o que seria o cicloturismo?

Daniel - com o qual eu já havia viajado alguns anos atrás para Porto Seguro - prontamente me encaminhou as informações solicitadas e eu achei a proposta simplesmente sensacional.

O destino: Campos do Jordão - uma cidade aqui de SP conhecida por ser a Suíça brasileira. 

A proposta: cada família viajaria com seu carro - sim, seguiríamos em comboio até Campos - como um grande grupo de amigos que se reúnem para passar um final de semana juntos.

O roteiro: realizar um passeio de bike na trilha da casa redonda. Ar livre, cada pessoa na sua bike, distanciamento. Simplesmente perfeito: turistar para pedalar!

Os únicos pontos que me causaram alguma insegurança foram: seria seguro fazer check-in, tomar café da manhã no hotel? Seria seguro me alimentar em algum restaurante? Eu aguentaria fazer o passeio tendo contraído Covid há 60 dias e estando com a capacidade respiratória tão comprometida ainda?

As dúvidas relacionadas a viagem rapidamente foram respondidas pelo Daniel, que me tranquilizou, informando que o hotel estava operando com a capacidade reduzida para não haver aglomerações; as filas de check-in e check-out organizadas com distanciamento e itens de higienização e o café da manhã estaria com o buffet self-service suspenso, tendo cada família que solicitar o que gostaria que compusesse seu café no ato do check-in, recebendo desta forma seu café devidamente embalado e protegido no dia seguinte.

Quanto a minha capacidade física para realizar o passeio, o Daniel também me tranquilizou, informando que 2 guias nos acompanhariam e que eu poderia fazer o passeio no meu ritmo.

Com todas as informações em mãos e sentindo que havia bastante segurança nos protocolos informados, fiz minha reserva!

Alguns dias antes da viagem repeti o teste de corona vírus para constatar que estava tudo ok. E então chegou o dia tão esperado: 15/08/2020! Nem acreditava que poderia finalmente passear!

Duas caminhonetes levaram as mais de 20 bikes das famílias que viajavam em seus respectivos carros.

Chegando em Campos do Jordão, controle rigoroso na entrada da cidade com aferição de temperatura, cadastro dos nomes dos turistas pela Secretaria de Saúde, orientações sobre como se proteger.

No hotel, tudo como o Daniel havia nos descrito: filas organizadas, sem qualquer aglomeração. Fomos muito bem recebidos pela equipe do hotel Dan Inn Premium e nos sentimos bastante protegidos.

Como já estava próximo das 11 da manhã, nos dirigimos de bike para o centro da cidade, rumo ao restaurante que o Daniel havia reservado: o Pátio Paris. Ocupamos o deck ao ar livre, apenas pessoas da mesma família podendo dividir a mesma mesa e com distanciamento das mesas entre si. Opções de cardápio apenas a la carte para garantir a segurança.

Logo após o almoço nos encontramos com os guias que nos conduziriam pela trilha em uma praça em frente ao restaurante. Orientações dadas, partimos para nosso passeio contando com um carro de apoio - nosso querido Homem aranha de motorista - que nos supriria com água fresca para nossas garrafinhas, além de frutas para repor as energias e alguma assistência técnica, se necessário.

A paisagem era de tirar o fôlego! Pedalando pelos mares de morros, podemos contemplar Campos do Jordão por uma perspectiva diferente do turista convencional, com uma sensação de liberdade quase que surreal depois de tantos meses trancados em nossas casas. Todos estavam muito felizes, era possível ver pelas expressões, pelas risadas.

E você deve estar se perguntando como foi a trilha para mim, pós infecção por corona vírus. Bom, confesso que foi muito, muito, muito desafiadora. Cheguei a pensar em desistir várias vezes. O ar parecia custar a entrar pelo meu corpo e o fato de estar sem fazer qualquer atividade física desde março - quando voltei de Ushuaia e a pandemia explodiu - cobrou seu preço: as pernas queimavam e o cansaço era de uma força inacreditável. Chorei algumas vezes, porque não queria desistir do pedal. Empurrei a bicicleta grandes trechos porque não conseguia pedalar - faltava ar e pernas. Mas a superação reside não apenas na nossa capacidade física mas no mental, que veio em grande parte da força do grupo, sempre me incentivando a não desistir. Havia sempre algum ciclista que ficava para trás dando um apoio moral, dizendo que eu ia conseguir.

E assim concluí os 20 quilômetros propostos com muita determinação e, principalmente, muita ajuda dos colegas de viagem.

Retornando ao hotel, confesso que não tive pique para ir a algum restaurante jantar. Alguns colegas foram e relataram que os protocolos de segurança estavam sendo cumpridos. Preferi pedir um prato por aplicativo e comer no conforto do meu quarto, visto que todos os meu músculos doíam absurdamente rsrsrsrs.

No dia seguinte, devidamente restaurada após uma boa noite de sono, seguimos em comboio por alguns pontos turísticos da cidade, como o Pico do Itapeva por exemplo.

E assim finalizamos nossa primeira viagem em tempos de pandemia, onde tivemos que nos reinventar também enquanto turistas para mantermos todos do grupo em segurança.

Obrigada equipe Daniel Rosalin pela acolhida! Estamos esperando o próximo convite para ciclo turismo!

sábado, 30 de maio de 2020

Tem que ser selado, registrado, carimbado...no Correio do Fim do Mundo!

Caminhando sobre os cascalhos da enseada Zaratiegui em Isla Redonda avistei a emblemática estrutura retangular de metal sobre uma plataforma de madeira, contrastando com as águas calmas e o céu cinzento daquela tarde de março.

Sim, eu havia chegado a um dos destinos mais desejados por mim: o Correio do Fim do Mundo.
Pode parecer besteira para você, caro leitor, mas para quem tem 17 dos seus 35 anos de vida dedicados ao serviço postal em terras brasileiras, conhecer Correios por aí é quase uma fascinação. Outros empregados dos Correios me entenderão, com certeza.

Caminhei rumo a entrada da pequenina e rústica agência postal já bastante emocionada. Dentre os destinos que paquerava na América do Sul, Ushuaia sempre teve um lugar especial no meu coração em grande parte por causa do Correio do Fim do Mundo. E lá estava eu, a poucos metros de entrar na unidade com o último serviço postal regular do mundo (mais pro Sul só tem a Antártida!!!).

Ao transpor a porta, a sensação era a de ter mergulhado em outra dimensão. 

As paredes todas cobertas por fotos, postais, souvenir e adesivos de viajantes do mundo todo que por ali passaram, conferiam ao pequeno ambiente um colorido especial, enquanto alguns aquecedores lutavam para manter o ambiente em uma temperatura agradável enquanto o vento lá fora era cortante mesmo no verão. Que lugar acolhedor! 




Lancei o olhar para o fundo do ambiente, procurando ansiosa pelo carteiro do fim do mundo e lá estava ele, atrás de um minusculo balcão: Carlos Delorenzo e a batida ritmada da carimbação que nós, empregados dos Correios, conhecemos tão bem: plunct plact, plunct plact.

Aí veio mesmo a confirmação de que havia passado para outra dimensão: com seu bigode e suas roupas características, emoldurado por fotos de Che Guevara e Eva Perón, Delorenzo simplesmente parecia saído de um filme de época, casando perfeitamente o personagem e o cenário. E se esse espaço-tempo tivesse uma trilha sonora, com certeza seria o "carimbador maluco" de Raul Seixas.

Diga-se de passagem, é preciso mergulhar a fundo na história de Carlos, que está a frente dessa unidade postal há mais de 20 anos. Anarquista assumido, ele que já foi maestro em Buenos Aires decidiu abandonar a vida na capital argentina para encampar a criação do correio do fim do mundo, que outrora ficava localizado no meio do canal Beagle e era utilizado por navegantes e aventureiros para enviar correspondências. Com o avanço da tecnologia, a prestação do serviço perdeu força. A unidade postal migrou então para Isla Grande, o que favoreceu o acesso e acabou convertendo o correio em um dos pontos turísticos mais visitados em Ushuaia.

Na pequena fila, eu aguardava ansiosa a minha vez de carimbar o passaporte com a famosa estampa, cujo valor simbólico é de 3 dólares. 

Ao chegar ao balcão, coração acelerado. Sim, eu estava diante do carteiro do fim do mundo. Arriscando meu melhor espanhol, contei a ele que também trabalhava nos Correios no Brasil enquanto ele ajeitava a página do passaporte para carimbar. Ele ergueu os olhos, me fitou silencioso e continuo o trabalho, colando com carinho uma estampa adesiva que carrega sua imagem e o carimbo que preenche o restante da página. Ao finalizar, virou-se e me presenteou com um mimo e um sorriso, carinho típico de companheiros de profissão que se reconhecem.

Agradeci e cedi lugar para os demais turistas que aguardavam sua vez de obter o carimbo. 

Confesso que saí emocionada e chorei (sou meio manteiga mesmo, me julguem rs). Ficou curioso para conhecer a estampa do passaporte? Clique aqui, tem post especial sobre os carimbos encontrados em Ushuaia.

Caminhei ainda por um tempo na enseada curtindo a paisagem antes de seguir para a próxima parada: a lendária placa do final da Rota 3. Vejo você na próxima parada: a baía Lapataia.



















sexta-feira, 15 de maio de 2020

Meu encontro com Deus no Lago Fagnano

A fina névoa que tingia o céu de Ushuaia naquele 4 de março se fez presente assim que cruzei o limiar da porta da casa alugada no fim do mundo literalmente.

Estava esperando pela van que nos conduziria ao Lago Escondido e Fagnano, um passeio que confesso, fui mais por causa do meu irmão do que por curiosidade própria.

E é justamente quando não temos expectativa nenhuma, que as coisas acontecem.
Subimos na van. Recepcionados por uma guia falante, seguimos em busca de outros turistas para finalmente pegarmos a Rota Nacional 3.

Uma chuva calma lá fora. Uma inquietação aqui dentro. Tempo cinza lá fora. Tempo cinza também aqui dentro.

Avançando pela estrada sinuosa chegamos ao Paso Garibaldi, um mirante que creio eu, em dias de céu aberto, seja possível avistar o Lago Escondido. Naquele dia, porém, o lago realmente estava bem escondido pelo nevoeiro.

Ao retornar para van depois de uma tentativa frustrada de fotografia no mirante e já bem ensopada pela chuva, meu ânimo ia se abatendo. O passeio que já não prometia muito, ia ladeira abaixo no rol das expectativas.

Meu irmão tentou me animar. Recordou-me que o próximo Lago ficava na falha geológica chamada Magalhães-Fagnano, uma das mais ativas do mundo, registrando entre 10 e 12 mil sismos por ano, argumento este que ele julgava importante para animar uma geógrafa.

Lago Fagnano
Então chegamos ao Fagnano, também chamado Lago Khami, que divide a Argentina e o Chile.E como num passe de mágica, o sol se fez presente. E Fagnano então tomou a forma de um grande espelho, silencioso, refletindo a paisagem ao redor. Curioso pensar que aquela superfície tão calma repousa sobre uma tumultuada estrutura geológica. Assim também somos nós, aparentemente serenos por fora enquanto por dentro somos sacudidos violentamente pela inquietação dos pensamentos.

Ainda olhando para o Lago, entrei na Estância La Carmen, um ponto de apoio ao turista. No interior, encontrei uma lareira onde pude me aquecer.

Capela da Virgem da Medalha Milagrosa
Logo a guia nos convidou para um passeio às margens do lago. Decidi ficar. Enquanto o grupo se afastava, resolvi explorar o bosque em frente ao lago e logo encontrei um senda que subia uma pequena encosta. Segui o caminho. Alma agitada. E foi aí que algo aconteceu... no final da pequena subida encontrei uma capela de uma virgem, a Virgem da Medalha Milagrosa.

Há pessoas que se encontram com Deus em uma cabana, algumas se encontram nos templos, outras quando seguram seus filhos nos braços pela primeira vez. Eu me encontrei com Deus ali, no meio daquele bosque. Ao me dar conta, já estava de joelhos no chão úmido, sob o peso de tantos questionamentos que vinha trazendo dentro de mim. E enquanto as lágrimas corriam, toda dor parecia ir embora aos pés daquele pequeno santuário. Quando estamos angustiados, já estamos fazendo uma prece sem perceber.

Fiz as perguntas que precisava fazer, ainda que Deus, obviamente, não precisasse respondê-las. Parte do processo da fé passa exatamente por acreditar em coisas que não necessariamente são palpáveis. E sentada no chão, fui invadida por uma paz que há tempos não sentia. Seria possível, afinal, ter que ir até o fim do mundo para viver uma experiência tão espiritual como essa?

Fato é que quando perguntamos para Deus, precisamos não apenas estar atentos para as respostas que podem chegar de maneiras sutis, como também estar preparados para elas.

Sentada às margens do Fagnano
Me despedi da capela e voltei às margens do lago, onde fiquei por um bom tempo contemplando as pedras arredondadas do chão. Logo o grupo chegou e me reuni a eles, para irmos avistar os castores.
Partia, naquele 4 de março me sentindo estranhamente mais leve. E na resposta de Deus, não houve demora. Chegaria sutilmente 4 dias depois,  tocando meu coração sob a forma de prosa.

Castoreira
Quer saber como chegar ao Lago Fagnano?

Há duas opções: você pode contratar um passeio convencional que segue pela Rota Nacional 3 até o Lago ou então fazer a opção off-road que vai pela antiga Rota 3, com um pouco mais de adrenalina.
O passeio é tranquilo para idosos e crianças.

Caso opte por fazê-lo na parte da tarde, será possível tentar o avistamento de castores, que ficam ativos tão logo o sol começa a se por no horizonte.



domingo, 10 de maio de 2020

Última chamada para embarque no Trem do Fim do Mundo...vem comigo!



Estação Austral Fueguina
O prédio charmoso de madeira  emoldurado por um céu azul perfeito denunciava que havíamos chegado a Estação Ferroviária Austral Fueguina. Um ator encenando um prisioneiro nos aguardava ao passarmos pela catraca rumo a uma das locomotivas fumacentas que nos aguardavam.
Estávamos embarcando em uma viagem no tempo, onde o charme e o glamour do prédio logo atrás de nós deixariam de existir para dar lugar a história real do Trem do Fim do Mundo.
O percurso de aproximadamente 7 quilômetros em meio a uma paisagem cinematográfica quase nos fazia esquecer das centenas de prisioneiros que fizeram esse caminho por tantos anos para trabalhos forçados no bosque fueguino. O áudio das cabines recontava em detalhes essa história, e enquanto ouvíamos, se estreitássemos bem os olhos rumo ao horizonte, nossa mente quase seria capaz de recriar as cenas contadas em nossos ouvidos, enquanto a cadência monótona do trem nos levava em um transe hipnótico bosque adentro.
Durante os anos em que o Presídio do Fim do Mundo esteve em atividade em Ushuaia, toda madeira utilizada no complexo penal - fosse ela para construções, móveis, lenha para aquecimento - era proveniente do bosque e obtida por meio do trabalho forçado dos prisioneiros, que chegavam ao local pela mesma ferrovia que percorríamos hoje.
Abro uma aspas para o forçado visto que a vida no interior do Presídio do Fim do Mundo era tão penosa, que grande parte dos prisioneiros preferiam os pesados trabalhos braçais no bosque a permanecerem reclusos nas pequenas e gélidas celas. Inclusive, uma das penas por mau comportamento era justamente a proibição de ir ao bosque trabalhar.
Trem do Fim do Mundo
No trajeto, passamos pela Cascata La Macarena com uma pequena pausa para curtir o local. No final do trajeto, o passageiro tem a opção de retornar com o trem para a estação ou prosseguir em um transfer, caso tenha comprado um pacote que contemple outros pontos turísticos que ficam no bosque, como o Correio do Fim do Mundo por exemplo  - aqui já dou spoiler que vai ter texto sim sobre isso!
Por uma característica particular minha de mergulhar com a alma na história do lugar, confesso que cheguei ao fim dos trilhos com um sentimento de tristeza. Ao desembarcar, olhei para trás e fiquei observando a manobra da locomotiva para retornar a estação. O local belíssimo parecia destoar de uma história tão sofrida para tantos que por ali passaram e eu me flagrei bastante pensativa.
Um silêncio desceu sobre mim, quebrado apenas pelos sons dos cascalhos sob meus pés e do vento cortante que passava por entre as árvores do bosque do Parque Nacional da Terra do Fogo.
Era hora de seguir em frente, rumo ao último serviço postal regular do mundo.


  • Como fazer o passeio do trem do fim do mundo?

Você pode tomar um táxi ou um transfer em Ushuaia e se dirigir até a Estação. Os tickets de embarque podem ser adquiridos na hora ou então, antecipadamente pela internet. Eu comprei o meu pelo Decolar.com e é só chegar no guichê, apresentar o voucher do Decolar, que eles emitem o ticket para embarque na hora. O preço pelo Decolar estava mais em conta do que comprando na estação.

Se você deseja conhecer outros pontos turísticos do Parque Nacional da Terra do Fogo, recomendo comprar o passeio que contempla o trem + Correio do Fim do Mundo + Baía Lapataia (final da rota nacional 3). Fizemos o passeio com a Pinguinos Expediciones. Ainda assim, o ticket do trem deve ser comprado a parte pois não está incluso no pacote.

domingo, 19 de abril de 2020

Ilha Martillo: refúgio dos pinguins no fim do mundo

Partindo da Estância Harberton em um barco pequeno, em poucos minutos de navegação avistamos a Ilha Martillo e dezenas - pra não dizer centenas - de pequenas criaturinhas elegantes com seus fraques e seu porte imponente: os pinguins de Magalhães e os Papuas.
Quando me perguntam o que me levou ao Deserto do Atacama, sempre respondo que foi a possibilidade de vislumbrar um dos céus mais lindos do mundo. Se me fizerem a mesma pergunta em relação à Ushuaia, responderei, sem nenhuma sombra de dúvidas, que foram os pinguins e a possibilidade  de estar tão próximas a eles em seu habitat natural que me levaram até o fim do mundo, literalmente.
Em se tratando de passeios, há duas possibilidades: a navegação onde não há o desembarque, apenas avistamos os pinguins desde a embarcação e a caminata, cujo barco atraca na ilha, descemos e permanecemos por cerca de 1 hora convivendo muito próximos a eles.
Optamos pela segunda opção, óbvio, ainda que bem mais cara. Mas ir até o fim do mundo e não descer na ilha, não me parecia uma opção muito lógica.
Os primeiros pinguins chegaram à ilha por volta da década de 70 e lá se instalaram. Importante ressaltar que só há uma empresa autorizada a atracar em Martillo e a quantidade de turistas é rigorosamente controlada, para que não haja um desequilíbrio no ambiente, afetando assim as espécies. Por isso, é importante reservar o passeio com bastante antecedência, para não correr o risco de perder essa experiência incrível.
Em Martillo o tempo parece ter parado. Cercados de água por todos os lados e por ventos absolutamente cortantes, o silêncio reina absoluto, quebrado hora ou outra pelo ruído de alguma ave ou da movimentação dos pinguins. Parece que estamos em outro mundo. Mansinhos, os pinguins desfilam lindamente diante de nossos olhos e infestam o chão com minúsculas penugens derivadas das trocas de penas. Alguns momentos se tornam raros na memória e para mim, normalmente, eles estão associados com silêncio profundo e de contemplação, onde a única coisa possível é se sentir grato por estar vivendo algo tão intenso e lindo. Martillo é assim. Selvagem. Inóspita. Contemplativa. Intensa.
Na ilha vivem colônias de pinguins de Magalhães, que nem mesmo no inverno migram, pois se adaptaram ao clima e fazem da ilha sua morada permanente. Já os da espécie papua migram nos meses de inverno para regiões onde a água é mais quente e as temperaturas um pouco menos rigorosas. Nós ainda tivemos a sorte de ver um pinguim imperador, que desfilou diante de nossos olhos como se nos desse as boas-vindas àquele lugar sensacional.
Esse, sem dúvida, é o passeio número 1 da lista, que você, viajante do fim do mundo,
P R E C I S A fazer!
Pinguim imperador
E para fazê-lo, você pode adquirir os tickets para o passeio diretamente com a Piratour ou então por meio de uma agência (em torno de R$ 800,00 reais, dependendo da cotação do peso no dia). Nós compramos todos os passeios com a Pinguinos Expediciones e eles fornecem um voucher que devemos levar ao quiosque da Piratour no Porto, para embarque para o passeio à Ilha. Você também pode chegar à estância Harberton via terrestre e partir de embarcação para a ilha.
Outro detalhe importante: para curtir os pinguins agasalhe-se mesmo no verão. O vento na ilha é constante e faz com que percamos temperatura corporal rapidamente!
E se eu pudesse resumir o passeio em um verbo seria: contemple. Poucas experiências te proporcionarão tamanha conexão com a natureza como Martillo.




quarta-feira, 25 de março de 2020

Ushuaia: a terra dos carimbos especiais de passaporte

Como bom turista, você também deve adorar aquele momento em que a imigração carimba seu passaporte, não é mesmo?
Legalmente, registram em nosso documento a data em que entramos e saímos do país, mas claro, os carimbos vão muito além disso... são como um prêmio por termos finalmente chegado em algum lugar que sonhávamos conhecer.
Algumas cidades mundo afora oferecem ao turista além do tradicional carimbo da imigração, emissões especiais para estampar o passaporte.
É o caso de Ushuaia - localizada na Argentina, considerada a cidade mais austral do mundo e que é um paraíso para os caçadores de carimbos.
Somente em Ushuaia é possível conquistar 6 carimbos especiais, confira abaixo:

Carimbo 1
1) No Centro de Informações Turísticas localizado em frente ao porto é possível conseguir gratuitamente um carimbo que traz na inscrição que Ushuaia é a "Porta de Entrada para a Antártida". Isso porque muitas excursões, cruzeiros, utilizam Ushuaia como base rumo a Antártida.

Carimbo 2
2) O segundo lugar no qual localizamos um carimbo especial foi no Museu Marítimo e do Presídio do Fim do Mundo. O carimbo pode ser conquistado gratuitamente no piso superior, na loja de souvenirs ao final do corredor principal do presídio e traz em sua estampa um presidiário, o ano de início e de fechamento da colônia penal e a inscrição "Carcel del fin del mundo".

Carimbo 3
3) O terceiro carimbo é encontrado em um local mais convencional, na agência central dos Correios em Ushuaia, que fica localizada na Avenida San Martín. É só entrar e perguntar em um dos guichês de atendimento que eles já carimbam, sem nenhum custo. A estampa traz a informação "Ushuaia la ciudad mas austral del mundo". O legal é que você ainda pode aproveitar o wi-fi gratuito dos Correios.

Carimbo 4
4) O quarto carimbo deu um pouquinho mais de trabalho para localizar pois as pesquisas que fazíamos no Google não traziam mais informações sobre locais, apenas os acima já citados. Mas, com muita perseverança. achamos um comentário no Trip Advisor citando o Museu do Fim do Mundo que fica na Avenida Maipu. A entrada para o museu custa 400 pesos, mas com muita simpatia é possível conseguir o carimbo gratuitamente no museu, em um guichê no qual as entradas são vendidas. A estampa retrata o Farol Año Nuevo, localizado na Ilha Observatório e que é Monumento Histórico Nacional desde 1999.

Carimbo 5
5) O quinto carimbo é um achado, pois sequer sabíamos que ele existia  - não localizamos nenhum comentário a respeito. No caminho para o Lago Fagnano, a excursão fez uma parada em um local chamado MotoCafe 3005 na Rota 3. Lá, o simpático senhorzinho conta a história daquele café que na verdade é um museu de motocicletas e eis que num determinado momento de sua fala ele menciona um carimbo. Esperamos ele finalizar a apresentação e fomos perguntar do carimbo.
Para nossa surpresa, um dos mais inusitados encontrava-se naquele lugar: metade de um carimbo na verdade. A outra metade encontra-se na outra ponta da Rota Panamericana, no Alasca. Sensacional, não é mesmo?
Obviamente que meu irmão e eu pegamos essa metade e já estamos de olho na outra parte rsrsrs.

Carimbo 6
6) E para finalizar, o carimbo mais cobiçado: o do carteiro do fim do mundo. Carlos Delorenzo, assim intitulado, está a frente do Correio do Fim do Mundo há mais de 20 anos, o qual, por sinal, ajudou a fundar. Anarquista assumido e com um bigode exótico, ele estampa os passaportes com um carimbo especial e um selo que o representa - reserve para isso uma página inteira do seu documento. Esse ritual tem um custo simbólico de 3 dólares ou 200 pesos e a vista que se tem da baía, é simplesmente linda. Quando sentamos no cascalho e olhamos as águas e o bosque, é fácil entender o que faz uma pessoa largar tudo na capital do país e se mudar para lá, tamanha é a paz daquele lugar.
Confesso que os Correios do Fim do Mundo foi um dos principais motivadores dessa viagem. Como funcionária dos Correios que sou, tenho curiosidade pelo serviço postal mundo afora e procuro sempre visitar agências ou conversar com carteiros nos lugares que visito.
Com Delorenzo não foi diferente. Contei a ele que também trabalhava nos Correios no Brasil e ele foi muito simpático. Confesso ter ficado muito emocionada.
Já me peguei olhando esse carimbo várias vezes e a sensação é sempre a mesma: que momento feliz eu vivi naquele dia. Acho que esse é o intuito: capturar nas páginas do nosso documento, os momentos de felicidade que essas experiências nos trazem.

Para conhecer alguns dos carimbos cobiçados pelos viajantes, dá um clique nesse link! Confesso que já estou fazendo uma listinha rsrsrs

Para finalizar, cabe uma observação importante.
Embora haja diversos países que possuem essa prática dos carimbos especiais, não podemos nos esquecer que o passaporte é um documento oficial e muito importante para o viajante e há sim relatos de países que não permitem a entrada do turista com carimbos não oficiais. Sempre pesquise antes os destinos que você pretende visitar para não ser barrado na Imigração.








sábado, 21 de março de 2020

Trekking Laguna Esmeralda: caminho para o paraíso

Sabe aquelas fotos de Instagram que a gente vê e logo pensa que a imagem só pode estar com um filtro de tão perfeita que são as cores?

Assim é a Laguna Esmeralda, que como o próprio nome diz, tem suas águas de um tom verde esmeralda de deixar qualquer um boquiaberto e não é só pelo internet não.

Mas vamos ao trekking, porque chegar a este paraíso, requer algum esforço. E equilíbrio rsrsrs.
O trekking Laguna Esmeralda é considerado de nível médio, ou seja, se você é um iniciante e nunca fez uma trilha na vida, vai conseguir concluí-la - não sem algum sofrimento mas vai.

São aproximadamente 5 quilômetros de ida e 5 de volta e o terreno não apresenta muita inclinação - com exceção de um trecho com uma percorrida bem íngreme de 200 metros.

A trilha passa por um silencioso bosque de lengas, espaços abertos e turfeiras - que parece um pântano composto por um vegetal que se assemelha a uma esponja. E é nesse mix de paisagens que a coisa pega para o lado do caminhante.

Em meio ao bosque de lengas, o chão é úmido e extremamente escorregadio. Adicione a isso vários trechos de lamaçal e raízes aéreas das árvores, uma combinação quase que certeira para um tropeço, escorregão ou atolamento. A gente tem que prestar tanta atenção ao chão que o pescoço até dói de tanto olhar para baixo.

Os trechos mais tranquilos foram a céu aberto, margeando o rio Esmeralda. Além da paisagem linda, a incidência de luz solar torna o terreno seco e estável.

Mas ainda nem falamos das turfeiras! Sim, as turfeiras combinam verdadeiras trincheiras de lama com um terreno instável que verte água a cada pisada.

Vencidos os 5 escorregadios quilômetros, atrás de um elevado, no sopé de uma montanha, surge linda e deslumbrante a Laguna Esmeralda.

De um verde de tirar o fôlego, a única coisa que conseguimos pensar é: ficaria o dia inteiro aqui contemplando essa maravilha.

Mas, não se engane! Tão logo o corpo esfria da caminhada, o vento gelado começa a se fazer sentir e a temperatura corporal começa a cair rapidamente.

Outra coisa que torna impossível um agradável momento de contemplação são os pernilongos!

Meu Deus do céu! Quem vê beleza não sabe o tanto de muriçoca que tem voando naquele lugar rsrsrs.

Nosso guia   - contratamos o passeio pela Pinguinos Expediciones -  nos concedeu aproximadamente 1 hora e meia de permanência na laguna, para então iniciarmos o mesmo escorregadio caminho de volta.

O trekking não é recomendado para crianças abaixo de 10 anos e nem pessoas acima dos 60 - a chance de queda é muito elevada. E também não se recomenda iniciar o percurso após às 15 horas sob risco de escurecer e não ser possível retornar.

As agências de turismos recomendam o uso de calçados impermeáveis e é possível alugar botas por aproximadamente 500 pesos no centro de Ushuaia. Optei por fazer com minha bota de trilha que não é impermeável e foi bem tranquilo, apenas exigiu mais cuidado para que eu não atolasse.

Não é possível acessar a laguna a não ser pela trilha e embora alguns turistas estivessem sem o acompanhamento de guia, não recomendo, pois o caminho não é bem demarcado como é o caso do Glaciar Martial - nosso próximo texto.





sábado, 7 de março de 2020

Bem-vindos ao fim do mundo...literalmente!

A ideia de visitar uma cidade que leva o apelido de fim do mundo me atraía há bastante tempo e esse ano não é que deu certo a viagem?
Ushuaia é uma simpática cidadezinha argentina que fica na província da Terra do Fogo e disputa o título de cidade mais austral do mundo com Puerto Williams no Chile.
O caso é que para os parâmetros argentinos, Puerto Williams não é considerado cidade, porque não conta com toda infraestrutura necessária, como polícia, bombeiros, etc. Já Ushuaia, não há dúvidas, é sim uma cidade e diga-se de passagem, em plena expansão.
Por toda cidade vemos obras e muitos, muitos turistas mesmo, de todas as partes do mundo.
O porto em Ushuaia é o segundo mais movimentado da Argentina e daqui partem cruzeiros para a Antártida, para outras partes da Argentina e do Chile.
A cidade é uma zona franca livre de impostos tipo Manaus, o que atrai muitos trabalhadores para cá, além de possuir vários dutys free.
Mas, o que o viajante precisa saber é que há duas Ushuaias completamente diferentes: a do verão e a do inverno.
Chegamos aqui no final de fevereiro e ficamos até 06 de março, ou seja, final do verão no hemisfério sul.
Nessa época do ano há muitos passeios envolvendo trilhas, chove bastante e o clima é bem agradável (variou entre 3 e 15 graus nos dias em que estivemos aqui).
Nesses 9 dias fizemos os trekkings da Laguna Esmeralda e do Glaciar Martial; a visita ao famoso museu do presídio do fim do mundo; o passeio ao Parque Nacional da Terra do Fogo que inclui o trem do fim do mundo, o Correio do fim do mundo e a baía Lapataia que é final da Rota Nacional 3. Também fizemos a navegação no canal Beagle com a caminhada com os pingüins na Ilha Martillo e apreciamos a vista maravilhosa do Lago Fagnano. 
E lembra que eu falei sobre haver duas Ushuaias? Pois é...eu ainda quero conhecê-la no inverno ❤
Mas, enquanto isso não acontece, vem comigo para conhecer cada um dos passeios que fizemos!

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Termas de Puritama e trekking no cânion de Guatín

As termas de Puritama ficam a aproximadamente 30 quilômetros de San Pedro de Atacama e são um verdadeiro oásis em meio ao deserto. Composta por 8 piscinas naturais de águas aquecidas (em temperaturas que variam sutilmente entre cada uma delas), o visual ao redor é de tirar o fôlego.
E para chegar às piscinas, você tem duas opções: se deslocar até a entrada das termas com um transfer ou se deslocar com o transfer até o início de uma trilha que levará até as piscinas - o trekking do cânion Guatín.
Nós, amantes das trilhas que somos, optamos pelo trekking, claro rsrsrs.
E não nos arrependemos!

Sobre o trekking no cânion

"Rabo de raposa"
A vista de dentro do cânion é fantástica. Olhar aqueles paredões imensos de lá de cima e depois olhá-los no sentido inverso, de dentro do cânion, é uma experiência ímpar. Tudo é silêncio, tudo é amplo, tudo é desértico. Quase tudo aliás...

Em meio ao deserto mais árido do mundo, surge lindo o rio Puritama, que se se destaca em uma paisagem que parece não combinar com tanta água. A gente quase não acredita quando começa a ouvir o som da correnteza e logo a vegetação "rabo de raposa" vai anunciando a presença de água.

O trekking acompanha o curso do rio, às vezes próximo dele, às vezes mais distante, sentido à sua nascente.

Nível de dificuldade

Estamos acostumados a fazer trilhas, então achamos não tão difícil, mas não sei se classificaria como um nível leve, visto que há algumas variáveis envolvidas: terreno pedregoso e irregular, clima super seco, altitude.

As termas

Trekking cânion Guatín
Falamos no início do texto que são 8 piscinas naturais, entretanto, a primeira (mais próxima da nascente e portanto a que tem a água mais quentinha) é de exploração exclusiva da Explora - agência de turismo que não é para qualquer mortal dado os preços que eles praticam rsrs. As demais estão liberadas para o uso dos demais turistas.

Você pode curtir tanto as piscinas com a água mais parada para relaxar quanto as pequenas quedas que, nas nossas costas e ombros, dão um efeito mega relaxante.

O que você efetivamente precisa saber é que quando sair da água seu corpo sofrerá um choque térmico, pois a temperatura externa normalmente é mais baixa que a da água. E aqui mora mais um detalhe: nós optamos por fazer o passeio na parte da manhã (das 07:30 às 13:30). À tarde, como bem informado pela agência que contratamos, o cânion começa a receber uma corrente de ar, então a temperatura corporal cai mais rapidamente quando saímos da água. Conversamos com alguns turistas que foram na parte da tarde e "passaram mais frio" que nós que fomos de manhã, porque quase não ventava.

Se a agência que você contratou não dá suporte do tipo roupa de banho e etc, é interessante levar uma toalha e deixar tanto a toalha quanto as suas roupas bem próximas à água para se aquecer rapidamente. Embora o local tenha banheiros e vestuários, seque-se e vista-se ainda perto da piscina, para perder a menor quantidade de calor corporal possível.

Nós fizemos nosso passeio com a Ayllu Atacama e eles oferecem roupões felpudos e para quem realiza o passeio na parte da manhã, um maravilhoso brunch próximo ao horário do almoço, com cardápio que ia de ceviche ao vinho branco.

Se recomendamos as Termas?
Com certeza! Se você gosta de aventura, trilha, caminhada, opte pelo trekking. Caso prefira algo mais tranquilo, vá direto às Termas com certeza!!!






sábado, 1 de fevereiro de 2020

O céu do Atacama: beleza que toca o coração

Quem, quando criança, não amava observar o céu e as estrelas?

Aqui, o sentido de observação ganha uma outra dimensão.

 Bem-vindo ao Atacama, um dos 10 mais belos céus que podemos observar na Terra.

Você pode estar se perguntando: mas, o que torna o céu do Atacama tão especial assim?

No deserto do Atacama as chuvas são escassas - não por acaso ele é o deserto mais árido do mundo. A baixa umidade proporciona mais de 300 dias/noites de céu aberto, proporcionando uma visão do céu simplesmente espetacular. Além de que quase não há poluição visual por lá, amplificando, assim, totalmente a experiência da observação.

Confesso a vocês que foi exatamente o céu que me levou até lá. E não me arrependi. E voltaria 1000 vezes só para ficar olhando as estrelas.

Mas, vamos ao famoso "Tour Astronômico".

Andando pelas ruinhas de San Pedro de Atacama você encontrará diversas agências que oferecem o passeio chamado "Tour Astronômico". Nós fizemos nossa reserva com a Ayllu Atacama, como já mencionamos nos posts anteriores.

Fizemos o passeio no mês de maio e o que você precisa saber é que não era inverno e ainda assim estava muito frio. Saímos por volta das 20:30 e nos dirigimos deserto adentro. Quando chegamos em um local escolhido pela agência, montamos nossa base lá. No deserto, quando o sol se põe, a temperatura começa a cair muito rapidamente, então, por volta de meia-noite estávamos com uma temperatura de 0 grau e os dentes batendo um pouco descontrolados, confesso rsrsrs.

A Ayllu oferece chocolate e vinho quente, além de quitutes para beliscarmos, cadeiras e cobertores para nos mantermos quentinhos. Mas o show da noite fica mesmo por conta do guia que vai nos contando a história de constelações, enquanto as observamos, deslumbrados, no meio daquele silêncio absoluto.

Sim, tudo no deserto é forte, selvagem, misterioso.

É difícil explicar em palavras o que vemos lá. Talvez as fotos ajudem a ter uma ideia da beleza, talvez não, porque esse é um daqueles momentos na vida que você tem apenas que ficar em silêncio e contemplar e se deixar envolver. Post nenhum seria capaz de traduzir...mas...talvez seja capaz de te motivar a viver essa experiência incrível!

O que é importante saber aqui: esse tour astronômico não é o mesmo tour do observatório ALMA, são coisas diferentes!

 ALMA - Atacama Large Milimeter/submilimeter Array é um telescópio operado no Observatório Europeu do Sul que fica no planalto de Chajnantor, nos andes chilenos, distante uns 50 quilômetros de San Pedro de Atacama.

As visitas a este observatório costumam acontecer apenas aos sábados e domingos pela manhã e é necessário preencher um formulário disponível no site: http://www.alma.cl/ 
Devido a procura, é interessante se cadastrar com antecedência para a visita.


domingo, 12 de janeiro de 2020

Tour do vinho + Salar de Atacama + Laguna Chaxa


Se você é da filosofia de vida "economize no aéreo e no hotel, mas capriche nos passeios" cola aqui que esse texto é para você.
Eu não ligo de ficar meses pesquisando um bom preço de aéreo e nem de dormir em um hotel mais simples (desde que seja limpinho e a água do chuveiro quentinha), mas quando o assunto é passeio, eu quero fazer tudo o que couber no itinerário (e no bolso, claro).

Como já contei no texto anterior, fizemos vários passeios no Atacama (com agência e sem agência de turismo) e vou compartilhar aqui com vocês, com mais detalhes, o que encontramos em cada um deles.

Achamos a agência Ayllu Atacama por meio do Instagram e o que nos chamou a atenção, logo de cara, foram as fotos maravilhosas do feed deles. Confesso que encontramos agências que ofereciam preços mais acessíveis, mas como os próprios guias da Ayllu mesmo dizem "existe vida mais barata mas não presta não rsrsrs", o serviço lá é diferenciado. Brincadeiras a parte, optamos pela Ayllu porque o Tour Astronômico deles parecia bastante diferenciado por causa das fotos incríveis; os lanches e refeições oferecidos também contaram ponto; o atendimento que desde o primeiro e-mail foi sensacional.

Mas, vamos aos passeios! Compartilharei um passeio por post para que a leitura não fique extensa e cansativa :)


Cepas produzidas 
Ir ao Chile e não tomar um vinho é quase como cometer um sacrilégio, afinal os vinhos chilenos são maravilhosos. Ir ao Deserto do Atacama e não degustar um vinho de produção artesanal, seria um desperdício (se você curtir vinho, claro!).

O passeio do Tour do Vinho oferecido pela Ayllu Atacama contempla ainda uma caminhada pelo Salar de Atacama e o pôr do sol na laguna Chaxa, com a companhia dos flamingos, com duração aproximada de 5 horas (normalmente das 14:30 às 19:30).

Mas, vamos ao vinho!

A vinícola visitada produz artesanalmente o vinho de rótulo Ayllu - embora tenha o mesmo nome da agência, eles não tem correlação. Ayllu é uma palavra que em quechua significa "comunidade, pessoas que trabalham coletivamente". E é bem esse o espírito da vinícola mesmo.

Para entrarmos na vinícola pagamos uma taxa de 10.000 pesos por pessoa (além do valor do passeio na agência de turismo, que ficou em torno de 80.000 pesos - lembrando que esses valores são de 2019 e são sempre reajustados anualmente, é bom consultar antes de viajar).

Degustação de vinhos
O passeio da Ayllu oferece ao turista uma degustação de vinhos que acontece enquanto o Emir - um dos responsáveis pela vinícola - dá uma verdadeira aula sobre a fabricação de cada tipo de vinho. Para quem é apreciador, ouvir o Emir falando vale cada peso investido, acreditem.

Ao final da degustação, é possível adquirir garrafas - por um preço que varia entre 20.000 e 30.000 pesos - valores de 2019 -  das cepas que são cultivadas lá. Nos apaixonamos pelo Petit Verdot e trouxemos garrafas para o Brasil.

Saindo da vinícola nos dirigimos ao Salar de Atacama para uma caminhada rumo à laguna Chaxa, onde contemplamos o pôr do sol e a chegada dos flamingos. Para acessar a laguna, é preciso pagar uma taxa de 2.500 pesos (valores de 2019).

Salar de Atacama

Confesso que ao ver o pôr do sol pela primeira vez no deserto, chorei. É tão intenso, que é difícil explicar, só vivenciando. É imenso, é silencioso e ao mesmo tempo tão cheio de cor. Conforme o sol vai descendo e incidindo sobre a cordilheira, "todos los colores se intensifican" - sim, as cores se intensificam e vão ganhando novas tonalidades cada vez que as olhamos. E os flamingos fazem parte desse momento tão especial, se alimentando nas lagunas.


Pôr do sol laguna Chaxa
Tão logo o sol se põe, o vento do deserto começa a soprar - incrível a sincronia que existe entre o ocaso e o vento. E o silêncio também desce de uma forma surreal. É o deserto na sua forma mais pura e selvagem. Neste momento só é possível silenciar e contemplar a imensidão. E esperar pelas surpresas dos passeios dos dias seguintes.

Fiquem de olho aqui no blog que o próximo texto é sobre o Tour Astronômico para contemplar o céu mais lindo do mundo. E não é exagero, vocês vão entender o porquê.

sábado, 4 de janeiro de 2020

Deserto do Atacama: uma experiência que vale a pena ser vivida!

Desde que eu cursei a faculdade de geografia, um dos meu sonhos era conhecer o deserto do Atacama no Chile. Aliás, não sei o porquê, mas tenho um verdadeiro fascínio por desertos. Acho que eles possuem um ar de mistério, não sei se pelas condições extremas, pela imensidão, pelo silêncio ou talvez tudo isso junto.

Engana-se quem pensa que o deserto é um ambiente sem vida. A vida vibra nesta paisagem, ainda que diferente do que estamos acostumados.
Tenho como meta conhecer vários desertos e para começar, escolhi o Atacama e não foi pelas razões óbvias como proximidade geográfica ou facilidade com o idioma, mas porque o Atacama possui o céu literalmente mais lindo do mundo.
Salar de Atacama

Nossa viagem aconteceu em maio de 2019 porque era o mês de nossas férias. O nome do blog não é por acaso rsrs, como todo bom trabalhador, só viajamos na férias do trabalho rsrs.

Mas, vamos ao passo a passo: como chegamos ao Atacama?

Aéreo

Moramos em Bauru, interior de SP. Nos deslocamos de Bauru até SP de ônibus, mesmo porque pagar estacionamento em aeroporto fica pela hora da morte. Em Guarulhos pegamos um voo pela Latam (foram 3 meses acompanhando o preço do aéreo e o melhor preço que encontramos foi R$ 1068,00 por pessoa ida e volta, com bagagem de mão. Isso não foi problema porque levamos apenas mochila, mas isso é tema para outro post). Fizemos uma conexão em Santiago, onde pegamos nosso voo para Calama.

Chegamos em Calama por volta das 19:30. O aeroporto de Calama possui casa de câmbio mas o valor do peso estava acima do que havíamos comprado no Brasil e também em San Pedro de Atacama (que possui várias casas de câmbio). Não recomendo fazer câmbio no aeroporto, a menos que seja uma emergência. Haviam pouquíssimas opções para fazer um lanche - não sei se por conta do horário -  e uma delas que escolhemos para comprar uma batata Pringles e uma coca-cola, não aceitava cartão de crédito, apenas pesos.

Ainda no aeroporto escolhemos o transfer Pampa (https://www.transferpampa.cl/) porque já havia uma fila de pessoas no guichê e acreditamos que a van encheria mais rapidamente e iríamos logo para San Pedro de Atacama e foi o que realmente aconteceu. Eles nos cobraram 20.000 pesos por pessoa ida e já agendando a nossa volta. A van era confortável e o caminho de aproximadamente 1 hora até San Pedro foi bem tranquilo. 

Hotel

Ficamos hospedados por 10 dias no Hotel Yakana e posso dizer que ele tornou a nossa estadia super especial.
Café da manhã hotel Yakana
Como chegamos nessa escolha?
Pesquisamos vários hotéis e gostamos muitos das avaliações a respeito do Yakana, principalmente porque mencionavam que ele era um hotel novo e eu, particularmente, não gosto de hotéis muito antigos. Fizemos a reserva diretamente pelo site deles com 2 meses de antecedência, pois o valor estava abaixo do que por meio de sites de reservas (https://www.hotelyakana.cl/).
Ele é um hotel simples, mas muito aconchegante. Todo térreo, os quartos ficam dispostos ao longo de um corredor. Há uma cozinha onde o café da manhã é servido e você também pode utilizá-la para fazer chás, café, aquecer pratos no microondas. Há bicicletas para emprestar - gratuitamente - e a limpeza, na minha opinião, impecável. Só podia melhorar o sinal do w-fi e a acústica dos quartos, visto que muitos passeios saem de madrugada e os turistas se deslocando no corredor acaba gerando barulho que é percebido dentro do quarto - nada que tenha me atrapalhado.
Do hotel é possível se deslocar a pé para o centrinho de San Pedro, são 700 metros aproximadamente e o caminho é bem seguro.

Agência

Fizemos nossos passeios por meio da Ayllu Atacama, uma agência que localizei por meio do Instagram e cujos comentários eram bastante positivos. Reservamos nossos passeios com 1 mês de antecedência (pagamos um sinal e o restante parcelado diretamente na agência). O atendimento deles é incrível, bem como a pontualidade e o cuidado com o turista. Valeu cada centavo investido.
Vou deixar aqui o site deles para quem tiver curiosidade ou esteja planejando uma ida ao Atacama: http://www.aylluatacama.com.br/
Tour astronômico
Com a Ayllu fizemos os seguintes passeios:

Valle de la Luna e la Muerte
Lagunas Altiplanicas
Geyser el Tatio
Termas de Puritama
Trekking Canyon de Guatín
Lagoas Baltinache + ônibus do deserto
Tour do vinho do deserto
Tour astronômico

Se nos arrependemos de não ter feito algum passeio?

A resposta é SIM! Eu me arrependo muito de não ter feio a subida do Vulcão Lascar. Como exigia bastante preparo físico devido à altitude, fiquei com receio de não aguentar, mas eu ainda quero voltar para viver essa experiência e também para realizar outros passeios que não deu tempo de fazer. Sim! Há muita coisa para fazer por lá! E cada paisagem é única, incrível!!!

Nos intervalos dos passeios contratados exploramos bastante o centrinho da cidade, o mercado de artesanatos e as opções gastronômicas. No meu perfil do Tripadvisor há várias dicas: https://www.tripadvisor.com.br/Profile/alineromagnoli?fid=967b4336-7487-4a69-80e8-c282404384b8.


Pukara de Quitor
Também fizemos um passeio de bike até o sítio  arqueológico Pukara de Quitor (dedicamos meio dia e não foi suficiente para ver tudo, sugiro pelo menos um dia inteiro). Falarei mais sobre Pukara em outro post.

Fique de olho nos próximos posts pois vou compartilhar com vocês o que achei de cada passeio que fiz no Atacama.

Beijos!